Capítulo 8: Orfanato
Kamui estava confuso quanto ao lugar onde se localizava, ainda buscando compreender a questão a respeito dos Mythis mencionados pela misteriosa mulher.
- Foi mal aí, em que lugar do Japão a gente tá? - Ele faz essa pergunta, tentando fingir que tudo era sua imaginação pregando peças, porém apenas é encarado com uma expressão de confusão.
- Japão? Não me lembro de uma cidade com esse nome em Helastoria. Você veio de alguma das outras seis nações? - Quando ela menciona esses termos, os olhos do garoto ficam arregalados e ele começa a tentar se debater, com o objetivo de sair da cama, porém sem sucesso. - Por favor, seu corpo está enfraquecido, não se esforce tanto. - Ela tenta conter Kamui, porém em vão.
- Me chamou de fraco? Olha que te arrebento hein?! - Ele tenta apertar os ombros da mulher, porém logo tem uma lâmina apontada em seu pescoço. Ela estava segurando uma foice misteriosa que antes não aparentava estar lá. Essa súbita ação fez Kamui perder as forças nos braços e arregalar os olhos, tremendo. - Que merda é essa?!
- Escuta aqui, eu tratei de seus ferimentos, mas se ousar machucar alguém daqui, incluindo a mim, vai se arrepender! Entendeu?! - Sua suave expressão havia se tornado assustadora enquanto ela aproxima a foice do pescoço de Kamui, quem não possui outra escolha, exceto concordar com a cabeça. Após isso, a foice desaparece e a expressão volta ao normal. - Ótimo, aproveite sua estadia aqui, pode ser perigoso para você sair estando com o corpo nesse estado... senhor.
Kamui voltou a deitar-se e tentou fechar os olhos. Ele não queria acreditar que estava em outro mundo, queria pensar que estava apenas sonhando, mas a dor em seu corpo era bem real. A ideia de estar longe da sua cidade o deixa desconfortável, e se não conseguisse voltar? E se ficasse preso em Raret para sempre? Essas dúvidas assolavam a mente do Akame.
Enquanto tentava organizar os pensamentos, sentiu um peso em seu abdômen, o qual ainda resultava em uma dor aguda por conta do soco que havia levado no local. Ao abrir os olhos, nota uma figura pequena, de cabelos lilás e olhos amarelos, uma criança de cerca de 8 anos estava a encará-lo. Kamui era muito desajeitado com crianças, no entanto, tentava ao máximo não as assustar.
- Então, garota, tá tudo tranquilo? Onde estão seus... eita aqui é um orfanato né... esquece essa pergunta. - Ele tenta encontrar as palavras corretas, porém todas apenas escapam de sua mente. - "Droga, a Nanaki com certeza lidaria melhor com ela, por que eu tenho que passar por isso?" - A ideia de cuidar de crianças nunca pareceu próxima à realidade do Akame, já que ele mesmo havia crescido num orfanato como um dos mais novos ali. Quando mais velho, sempre empurrou essas coisas para seu irmão. Enquanto pensava nisso, ele solta um sorriso desajeitado, fazendo os olhos da menina brilharem.
- Mamãe! - A pequena garota apenas pronunciou essa palavra, deixando Kamui desconcertado.
- Pera aí?! O quê?!- A reação de surpresa do rapaz fez a garota voltar a si, assustar-se e sair correndo, com a face levemente ruborizada. Kamui apenas encara a porta por onde ela saiu, sem entender nada do que havia acontecido. - Não acredito nisso que ouvi...
O Akame apenas tentou voltar a dormir, porém batidas na porta são ouvidas e um grupo de múltiplas crianças entra, encarando Kamui que fica sem entender nada.
- "Tão me encarando? Claro, minha aparência é bonita, mas tô com faixas pelo corpo inteiro e... pera aí, ela enfaixou meu corpo todo?! Quer dizer que... ela viu?!" - Em meio a seus delírios de grandeza, o garoto enfim percebeu um detalhe importante sobre sua atual condição, fazendo uma expressão de desespero que fez as crianças, que agora estavam ao redor de sua cama, rirem.
-U monstru du quartu acordô, eli é engraçadu. - Disse um garotinho, talvez o menor do ambiente, fazendo Kamui enfim sair de seus pensamentos, por ora.
- Monstro? Eu? Sou um cara descolado, isso sim. não notam meu estilo? - Kamui tenta se exibir, mas seu corpo doía, arrancando mais risadas dos pequenos.
- Olha u cabelu deli, é tãum estranhu, puquê é dessi jeitu? - Uma garotinha mexe na franja que Kamui usa para cobrir seu olho esquerdo, tentando levantá-la.
- Ei, pirralha, não levan...- Antes de concluir a fala, seu olho azul é revelado, deixando Kamui envergonhado. - Merda, eles viram, viram completamente, eu odeio esse olho! - Ele não sabia onde esconder o rosto, tentava fechar os olhos, mas uma vez que seus olhos foram vistos, as crianças não pararam de fazer perguntas sobre sua heterocromia
- Ei, ei. Como feiz pra tê um olhu bunitu assim? - Uma das crianças se pronuncia, fazendo Kamui a encarar, confuso. Normalmente ele sentia vergonha de seus olhos terem cores diferentes devido a eventos do passado, receber elogios era completamente algo inusitado. Nem Nanaki, nem Sanzashi falavam sobre isso, normalmente por não quererem abordar um tópico sensível para o garoto. Memórias passam por sua mente nesse momento.
"- Eu só precisava do Sanzashi, por que tive que adotar uma aberração como você junto, que olho feio, não veio com defeito, não?" - Essas eram as palavras que foram lembradas, porém o estranho elogio feito pela criança fez uma única lágrima sair do olho azul de Kamui,que não entendeu o que era aquilo.
- "O que é isso? É uma lágrima? Não, não pode ser. Qual é, não posso demonstrar nenhuma fraqueza nessas horas." - Ele recompôs sua postura enquanto o grupo de crianças permanecia a o observar com curiosidade. - Bem, eu nasci assim, minha beleza é natural.
- O monstro do quarto é bobinho!- Um garoto mais velho que estava entre as crianças solta esse comentário, deixando o rapaz ainda mais branco do que já é. Totalmente imóvel, não pelas dores em seu corpo, mas por ter sido humilhado por uma criança.
Enquanto era motivo de risos das crianças, um aroma delicioso começou a preencher o quarto de madeira, lembrando o cheiro de carne recém saída do fogo.
A mulher de outra hora entrou no quarto carregando uma tigela, a qual era a fonte do cheiro. As crianças observavam caladas o prato de comida que foi colocado próximo a Kamui.
- Muito bem, crianças, o almoço está pronto, lavem as mãos e vão para a mesa, entendido? Logo estarei com vocês. - A misteriosa mulher sorriu e as crianças apenas concordaram em uníssono, saindo às pressas do quarto. - Ei! Sem correr, vão se machucar! - Ela tentou ir atrás, mas o grupo já havia se distanciado dela. - Perdão por isso, elas são boas crianças, só não recebem muitas visitas, então são curiosas. Permita-me apresentar direito, meu nome é Ellen. Posso saber o seu?
- Kamui... Kamui Akame...- Ele responde ainda observando a moça, lembrando do fato de estar enfaixado. - Você viu, né? Viu tudo.
- Ahn? Ah, não se preocupe, não vou tentar entrar em detalhes sobre isso. Agora, coma isso, precisa se alimentar bem para uma recuperação mais rápida. - Ela oferece para Kamui a sopa, porém o rapaz não consegue esticar direito os braços para pegar a tigela. - Bom, não tem jeito. Olha o aviãozinho!
-Você acha que eu sou o qu...hmmm?!- Ellen começa a dar sopa na boca de Kamui, que faz uma expressão de desconforto. - "Isso é humilhante demais! Esse mundo deve tá de sacanagem comigo!"
Alguns dias se passaram, e Kamui ainda estava em repouso, porém já havia recuperado o movimento dos braços. Como estava entediado, ele havia pedido um livro qualquer a Ellen, que apenas lhe deu um livro infantil, já que eram os únicos presentes ali.
- "Eu entendi tudo! Como assim?! As letras são diferentes de qualquer escrita do Japão, mas eu sei o que tá escrito, falando nisso, é bizarro que eu sei conversar com alguém de outro mundo." - Ele coloca a mão no queixo e fica pensativo quanto a sua situação inusitada. - "Na verdade, quando eu conheci a Nanaki e agora com a Ellen, elas estavam falando japonês, eu tô louco?" - Esses questionamentos se perdem ao ar por não haver ninguém para respondê-los, Kamui então toma consciência de sua situação.
- Ah, é, tô sozinho em outro mundo, sem ninguém para ajudar, sem trabalho, sem caras irritantes, sem ter que enfrentar julgamento.. só posso ficar sem fazer nada! - Ele começa a se empolgar devido à sua fuga de responsabilidades. Ele já havia esquecido que veio a um outro mundo contra sua vontade.
- Kamui, vejo que já consegue mexer os braços bem melhor, talvez consiga se recuperar antes do esperado. - O sorriso da mulher tranquiliza Kamui, porque ainda era pouco conveniente sentir a dor dos golpes que havia levado.
- Muito obrigado pela ajuda, não vou mais incomodar. Depois de me recuperar, vou sair daqui. - Ele sorri desajeitado, porém um garfo é cravado na cabeceira da cama dele, fazendo-o arregalar os olhos. -Ei! Que merda foi essa?
- Ir embora? Não tão rápido, depois de ficar aqui por quase 1 mês, vai trabalhar pelo menos 3 semanas para compensar. Nem pensa em fugir, se não vai voltar a ficar acamado.- O sorriso gentil permanecia no rosto de Ellen, porém a presença da mulher era amedrontadora, a ponto de Kamui começar a usar frio, restando apenas concordar com a cabeça. - Ótimo! Temos uma roupa boa para você usar quando se recuperar, aquela roupa estranha já deve ter lavado.
- Ei, não é estranha, é maneira! - O Akame tenta reclamar, porém é ignorado por Ellen, que apenas sai do quarto, finalizando mais um serviço. - Que saco, ninguém aqui sabe como sou estiloso?
O tempo passa e, enfim, o rapaz estava completamente recuperado, porém sua expressão não poderia ser mais infeliz. Não apenas teria que trabalhar no orfanato por três semanas, mas estaria fazendo isso trajando uma bandana rosa e um avental rosa com babados. Os olhos de Kamui estavam sem vida enquanto Ellen explicava as funções dele.
-... e por último, terá que brincar com as crianças enquanto preparo as refeições. Alguma dúvida? Não? Excelente! Comece de uma vez. - Ela coloca um esfregão nas mãos de Kamui e o empurra para os cômodos enquanto o Akame permanece sem entender nada.
- Pera aí, não enten...- Ele então viu a porta se fechar enquanto permanece desesperado por não saber o que deveria fazer. - "Que merda! Eu não sei limpar! Cadê o Sanzashi nessas horas?! Ah, é... tô sozinho..."- Esses pensamentos surgem mais uma vez na mente dele.
- "Você não passa de uma criança frágil, está tão desesperada por não ter ninguém. Pobrezinha." - A voz que outrora havia falado com Kamui manifesta-se outra vez, debochando dele.
- Quem tá aí? Aparece! - Akame observa os arredores do quarto, procurando pela fonte da misteriosa voz, porém não encontra ninguém.
- "Ora, não precisa ficar tão assustada, eu te conheço há muito tempo, talvez melhor que você mesma, criança. Eu já disse isso antes." - A voz possuía uma natureza desconhecida, os ruídos presentes nela impediam de determinar se era masculina ou feminina. - "Mas, por ora, pode me chamar de 'S', não vai me encontrar olhando por aí." - Uma estranha risada acompanha a informação que deixou o Akame confuso.
- O que quer dizer? Ah, já sei! Deve ser uma pegadinha daqueles pirralhos! - Kamui afirma, tendo completa certeza do que havia dito.
- "Acredite no que quiser... nada muda o fato que estou bem aqui, sempre estive." - Com essa fala enigmática, a voz se cala, enfim deixando o garoto em paz.
- Ha,ha,ha. Muito engraçado, crianças, mas agora deixa eu limpar esse lugar e... Ai! - Enquanto tentava começar a limpeza, ele bate a perna na quina da cama e sente uma dor aguda, pulando em um pé só. - Mas que merda, eu juro que ainda vou... Aaaaah! - Ele não prestou atenção e caiu ao chão, com o balde derramando sobre sua cabeça. - Sair dessa porcaria.
Kamui se mostra completamente inútil na limpeza, a ponto de não poder receber nenhuma dessas atividades, ele não reclamaria se fosse ficar apenas por isso. No entanto, o período seria substituído pelo seu inferno pessoal: cuidar das crianças.
A multidão fugia de Kamui, que estava tentando pegar cada um para não irem muito longe, porém o período acamado havia afetado a resistência dele.
- Ei, melhor... pararem aí... bando de pirralhos! - Ele tenta falar entre pesadas respirações, o que arranca a risada das crianças.
- O monstro do quarto não é de nada! Lá,lá,lá,laaaaaaa! - Eles cantam em uníssono enquanto fazem gestos para irritar o Akame, o que dá resultado, porque ele começa a correr em disparada atrás das crianças outra vez.
Durante esse momento, ele nota que alguém estava faltando, um rosto que ele havia visto, mas que não parecia pertencer ao grupo. Após conseguir cansar todo o grupo, Ellen aparece convidando para o almoço, e todos correm para dentro do orfanato, rumo à cantina. Kamui, no entanto, caminha em direção a Ellen enquanto procura alguém com os olhos.
- Ei, Ellen. Não tem uma criança de cabelo lilás aqui? - Ao mencionar essa pergunta, a mulher encara Kamui com uma expressão de surpresa, arregalando os olhos.
- Uma garota de cabelo lilás? Quer dizer que ela saiu do quarto? - Ela questiona o Akame, que não entendia o motivo dessa reação. - A Hikari quase nunca sai do quarto. Ela se prende em um lugar separado das outras crianças e vive ali.
- Pera lá... a criança se chama "Hikari"? De onde ela veio? - Kamui estava curioso, embora não fosse a primeira vez que alguém de Raret tivesse nome japonês, ele ainda possuía dúvidas sobre esse mundo.
- Acredito que ela veio de Daihan, uma nação que fica do outro lado do oceano. - Ela coloca o dedo no queixo, pensativa, mas logo retoma o assunto principal. - Mas é incrível que você tenha conseguido ver ela, eu nunca consegui deixar ela à vontade para sair, por mais que eu tente.
-Entendi... - Kamui então começa a andar e, subitamente para e encara a mulher. - Na real, preciso usar o banheiro, volto depois. - A mulher apenas permite o Akame ir, quem sai em disparada para o local.
Após alguns minutos dentro do banheiro, ele sai buscando usar um jeito de lavar as mãos, já que o encanamento do lugar era precário.
- Caralho, eu nunca achei que ia dizer isso, mas sinto falta da água corrente. Eu era feliz e nem sabia...- Após reclamar um pouco, ele tenta voltar até onde Ellen estava, mas ouve um som de choro vindo de um quarto próximo.
- Mamãe, papai... - Essas eram as palavras que saíam da boca de uma voz que Kamui pouco ouviu, mas conseguiu reconhecer: Hikari.
- "Eu quase tinha me esquecido, as crianças daqui perderam os pais em conflitos... órfãos, igual ao San e a mim..." - Inconscientemente, ele tenta bater na porta, porém a garota se assusta com o som, devido à falta de delicadeza do Akame.
- Q-Quem é?- O medo ficou presente na voz da pequena, o que deixou Kamui estranhamente apreensivo.
- Sou eu, o tal do "monstro do quarto", ou quem você chamou de "mamãe", o que achar melhor. - Ele diz essas palavras com uma vergonha indescritível, a ponto de desejar ficar sob o chão, era um grande ferimento no orgulho do Akame.
-... desculpa... - Essa foi a única palavra pronunciada pela garota, após isso, um longo período de silêncio fez-se presente, deixando Kamui confuso.
- Hein? Só isso? Desculpa pelo que?
- Por chamá você de mamãe... os sorrisos são parecidos... - Outra vez, um silêncio misterioso foi instaurado, porém o Akame apenas suspirou pesadamente.
- É por isso que não consigo lidar com crianças... olha, eu não fiquei bravo com isso, só achei estranho uma garota que nunca vi na vida me chamar assim. - Ele apenas se decidiu se sentar e encostar as costas na porta, enquanto coça a nuca, sem jeito de como responder.
Após isso, a garota nada mais falava, deixando Kamui irritado, porém ele apenas decide tomar outra atitude.
- Sabe, eu sou órfão também, já cheguei a ser adotado até, mas o nosso "pai" era um merda abusivo. Por sorte, ele foi preso. Nunca achei que ia dizer isso, mas perto daquilo, o orfanato não parecia tão ruim, apesar de ser um lugar péssimo pra se viver... - Ele começou a contar um pouco sobre sua vida enquanto a garota permanecia em silêncio.
- Esse é o primeiro orfanato que vejo realmente se importar com o bem estar das crianças, mesmo com a porrada de defeitos que ele tem. - Kamui tentava estabelecer uma conversa com a pequena, que enfim decidiu se pronunciar.
- ... eu não tenho lugá aqui... - Ela diz de forma fraca, deixando Kamui curioso, porém ele apenas decide esperar. - ... não sô "sangue puro" como os outros... sô apenas metade Mythi... - Essa informação deixou o Akame totalmente surpreendido, não esperava uma criança ter noção dessas coisas.
- Pera aí, quer dizer que você é metade demô...
- PU FAVÔ... não use essa palavra... - Ela grita por um instante, mas logo volta a falar da forma habitual.
- Beleza, então você sabe falar assim. Pra ser sincero, fui com a sua cara agora, pirralha. Mas o que ter sangue misturado tem a ver? - Ele sorri de leve pela garota ter expressado outra emoção, porém logo retoma a compostura.
- ... sô uma aberração... todos me dizem isso..
desdi que nasci. - O rapaz arregala os olhos, suas memórias começam a atormentá-lo outra vez, tudo o que seu antigo pai adotivo havia dito retornava para assombrá-lo com frequência. - Talvez eu não devia existí. - Lágrimas escorrem e um som de choro pode ser ouvido, Kamui então soca o chão, com uma expressão de raiva.
- Não! Ninguém pode dizer que não devia existir! - Essa atitude do rapaz assusta a garota, porém ele continua. - Escuta, se você veio ao mundo, é porque alguém te queria. Não duvide disso, nem por um segundo.- Ele continua enfurecido, porém tenta se acalmar, os gatilhos emocionais haviam sido puxados, mas ele tinha que tentar ser "forte" diante da garotinha.
- Você fala a verdade? - A voz chorosa pode ser ouvida, com um pequeno tom de esperança. Isso permitiu que o Akame pudesse ficar mais calmo.
- Nunca mentiria sobre algo assim, confia. A propósito, meu nome é Kamui. Pode me dizer o seu? - Ele finge desconhecer o nome da criança para tentar estabelecer uma conexão com ela. Apesar de seu mau jeito com crianças, ele aprendeu um pouco observando seu irmão.
- Hikari... irmãzona Kamui, obrigada por me ouví. - Ela abre um pouco a porta e mostra um sorriso fraco, porém ela nota Kamui caído ao chão.
- Minha aparência parece tão afeminada assim?! Qual é! - Seu espírito foi quebrado por uma criança de 8 anos, ele não sabia como ficar em pé de novo.
- Então... irmãzão! - Essa palavra já o fez se recuperar, conseguindo se levantar e enfim se virando para encarar a pequena.
- Então, não quer ver as crianças? Brincar com todas elas?
- Eu não consigo... nunca brinquei com outra pessoa antis... - Ela tenta se fechar no quarto de novo, porém Kamui segura a porta, com um sorriso sinistro, assustando a garota.
- Nada disso! Consegui te tirar da concha, agora não vou mais te deixar voltar! - A risada maluca do Akame deixou a situação pior, até que uma breve espiada, fez Kamui notar uma coisa. - Ei, você gosta de flores? especialmente de secar elas?
- S-sim... - A garota ainda tremia pela mudança súbita de comportamento do rapaz, que sorri como se houvesse pensado em algo.
- Tive uma ideia, vou fazer você se enturmar. A chave será o que você gosta!- Suas palavras deixaram a garota confusa, até que ele se pronuncia. - "Espero que eu lembre como meu irmão fazia isso." - A incerteza em seus pensamentos precisava ser afastada, uma vez que ele estava determinado a fazer a pequena Hikari ser incluída. - Vamos fazer tiaras de flores, que tal?
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