Capítulo 4: Tragédia


  - "Kamui é um Guardião? Como isso pode ser possível? Eles nunca lutariam por outras pessoas. Deve ser um engano." - Esses eram os pensamentos que estavam presentes na mente de Nanaki.


Nanaki estava inconsciente após a luta contra Zacharie, mas em meio a essa escuridão de dúvidas, uma voz meiga a desperta.


- Irmã, acorde. Você está segura agora. - Nanaki abre os olhos lentamente e olha ao redor. Apesar de sua visão ainda estar fraca, ela percebe que não estava mais no centro da cidade e seus ferimentos não sangravam mais, porém seu corpo ainda estava dolorido.


 - Que lugar é esse? Quem é você? - A garota se assusta pela presença de uma pessoa, ela tenta se defender, mas ainda estava exausta da luta contra Zacharie.


- Entendi. Deve estar confusa, sua visão ainda está se acostumando com a luminosidade de novo. Afinal, você ficou desmaiada por 15 horas. Vou chegar mais perto. - A pessoa fica a poucos centímetros do rosto de Nanaki, permitindo ela ver claramente uma garota de cabelos castanhos ondulados, utilizando roupas de frio cor de rosa, um gorro rosa e um broche em forma de floco de neve em seu cabelo.


Os olhos dela não podiam crer no que estavam vendo, uma expressão de surpresa surge em seu rosto e, lentamente, lágrimas começam a surgir.


 - Yuuki? É você? Eu tô sonhando? - Quando a visão dela se acostuma, ela esfrega os olhos e se belisca, ainda incrédula com quem ela encontra, as lágrimas antes formadas finalmente caem dos olhos dela lentamente. - Não acredito, achei que nunca mais fosse ver você.


 - Eu também achei, irmã. Quando você foi mandada para esse mundo sem mim, achei que seria para sempre. - Ela derrama lágrimas também e abraça com cuidado Nanaki. - Agora, nunca mais vamos nos separar.


 - Sempre que eu pensava em você, eu procurava sorrir para garantir que tudo ficasse bem. Assim como a mamãe dizia. - A garota mais alta sorri levemente, porém ainda com dores no corpo. 


 O abraço das duas durou mais alguns instantes, um momento muito aguardado, os flocos de neve caíam e desapareciam ao tocar o chão, assim como aquela saudade entre as duas garotas. Nanaki então decide quebrar o silêncio.


- Como você me achou? E que lugar é esse? 


- Eu senti sua presença por aqui, mas não sabia em que lugar exatamente, passei semanas te procurando nessa cidade. Até que hoje, consegui encontrar você naquele estado, fiquei tão preocupada, com tanto medo de você desaparecer da minha vida novo... fico aliviada em ver você viva. - Ela seca as lágrimas, seu tom continua melancólico, no entanto. Após respirar um pouco para se acalmar, Yuuki volta a explicar. - Quanto ao lugar, é uma fábrica abandonada, foi o lugar que encontrei para esconder vocês.


-Vocês? - Nanaki inclina a cabeça, não entendendo o motivo da outra garota ter dito isso.


 - Você deve ter sofrido por conta daquele perseguidor, não se preocupe, irmã. Eu mesma vou cuidar disso. A partir de hoje, vou te proteger. - A voz dela gradativamente ficou mais séria e ríspida.


- Yuuki? Não precisa me proteger, eu sou sua irmã mais velha, e como você soube sobre o persegui... - Ela nota que do outro lado da sala em que estão, encontra-se uma pessoa de roupas pretas e cabelos bagunçados, presa no gelo, com apenas a cabeça de fora e inconsciente. - Kamui!


 - Então esse é o nome dele? Seu sangue estava na roupa dele, e como vocês caíram perto um do outro, acredito que foi um combate equilibrado. - Yuuki avalia cada detalhe nas roupas e ferimentos de ambos e deduz os acontecimentos. - Não posso perdoar alguém que feriu minha família, vou eliminar ele. - Uma estranha sensação de frio surgiu na sala, apesar de estar no inverno, as temperaturas caíam rapidamente, até que o próprio ar ao redor de Yuuki congelar em pequenas lanças. 


Ela aponta para frente e as lanças de gelo quase atingem a um Kamui inconsciente, porém seu braço é segurado por Nanaki, que chama a atenção da menor.


- Espera, Yuuki. O Kamui não foi com quem eu lutei, ele me salvou. E além disso, eu preciso saber uma coisa dele. - A ruiva avisa a irmã, que faz as lanças desaparecerem, cede ao pedido de Nanaki e começa a andar em direção a Kamui. Ao ter a máxima aproximação, ela começa a chacoalhar o corpo do garoto.


 - Acorde logo, escória. Minha irmã deseja respostas, não acredito que você a salvou.- Após mais algumas ofensas e agitos, um grito de dor ecoa e o Akame acorda, olha ao redor e demonstra um semblante confuso.


 - Pera aí, onde eu tô? Eu não consigo me lembrar de como parei aqui, só me lembro de ter visto a Nana em perigo e minha mente ficou em branco. - Ao esfregar a cabeça com as mãos, ele logo nota a presença de Yuuki. - Quem é você, criança? Se perdeu da sua família? - Esse comentário deixa a sala mais fria e Yuuki o encara com desdém.


- Fale mais besteiras e vai congelar aqui, humano. Minha irmã, Nanaki, pediu para te deixar vivo, seja grato.


- Nana, você tá bem?! - O som de alívio de Kamui ecoa pela sala, deixando as duas garotas ali surpresas.


 - Kamui, você acordou?! Espera um pouco, eu vou até aí.


 - Então você tem intimidade com a minha irmã a ponto de chamá-la por apelidos? Você é mais do que eu imaginava com essa aparência delicada. 


 - Qual é?! Crianças não deveriam falar desse jeito. E que história é essa de "Irmã"? - Ele é ditado novamente por Yuuki que ameaça atingí-lo com uma pequena lança de gelo.


- Saiba que tenho 16 anos. Não sou mais criança. E meu nome é Yuuki, não esquece. - Ela reclama com Kamui que apenas arqueia as sobrancelhas em um gesto de incerteza. 


 Nanaki então chega ao local segurando-se pelas paredes, Yuuki parte para ajudá-la, servindo de apoio enquanto rumam em direção ao garoto.


- Nana, eu ia fazer algumas perguntas, mas acho que essa não deve ser a hora certa, né? Você sabe onde estamos, a propósito? E... pode me tirar desse gelo?- Ele pergunta e Nanaki respira fundo e tenta explicar a situação.


- A Yuuki nos trouxe aqui, não precisa se preocupar com ela, Kamui. É minha irmã mais nova. - Essas palavras foram capazes de deixar o Akame em choque, uma vez que ele não esperava Nanaki ter algum parente depois de conviver 6 anos com ela.


- Pera aí, calma. Você tem uma irmã? Mas vocês nem se... não. Mas como nunca encontraram... também não é essa a questão! Ah, que dor de cabeça!


 - Eu vou explicar tudo logo, mas antes eu queria saber uma coisa de você, Kamui, não sei se você vai conseguir sair do gelo até responder, a Yuuki fez um bem resistente. - Ela encara o garoto, quem se lembra do assunto do balanço sobre o porquê dele ter ajudado Nanaki.


- Sabe, naquela hora, eu fiquei bastante nostálgico e...


- Você é um Guardião? 


 Ambos mencionam seus pensamentos simultaneamente, causando confusão em ambos os lados.


- Guardião? O que é isso? - Kamui pergunta inclinando a cabeça por nunca ter ouvido essa palavra sendo usada assim.


 - Nostálgico? Enfim, só me diz que você não é um deles. Eu não aguentaria ter um amigo como parte daqueles que me tiraram tanta coisa. - O olhar de Nanaki mudou para um triste, porém havia um pouco de raiva presente.


- Mesmo que me pergunte isso, eu não faço ideia do que você tá falando, Nana. Eu sou quem sempre fui. - Yuuki observa a discussão entre os dois e suspira.


 - Um "Guardião"? Tem certeza disso, Irmã? Ele não parece um deles, os olhos dele nem brilham.- A garota de gorro questiona a pergunta da irmã enquanto observa Kamui de cima a baixo.


-Eu não sei, mas tinha alguma coisa estranha com ele na hora que ele me protegeu. Senti como se alguma coisa me envolvesse. - Ela cruza os braços e coloca uma das mãos no queixo, pensativa.


- Tá, mas não sei ainda o que vicê quer dizer por "Guardião". Eu tô perdido aqui... e tá frio pra caramba, sabe, meu corpo tá congelado.


 - São pessoas más que sacrificam a própria alma para machucar outros seres, eles controlavam exércitos e destruíram tudo por onde passavam, até minha família... Por isso, eu preciso saber, por favor, me diz que você não é isso. - Nanaki implora que Kamui conte a ela o que sabe, porém não recebe resposta.


 - Acho que isso serve de resposta, não é irmã? Se você quiser, posso me livrar dele e... - De repente uma risada leve ecoa pelo lugar, vinha de Kamui. - Qual é a graça?


 - Foi mal, só posso rir desse tipo de coisa. Parece aquelas histórias de fantasia estranhas, nunca imaginei estar nessa conversa bizarra. - Ele continua a rir, mas ao notar o olhar sério de Nanaki, ele desfaz a feição. - Muito bem, Nana, você me conhece bem. Eu posso ter meus segredos que não conto nem pra você, mas esse não é um deles. Eu realmente não faço ideia que papo é esse.


 - Yuuki, por favor, solta ele. - Essa afirmação faz a garota de cabelos castanhos encarar Nanaki em silêncio por algum tempo, mas logo aceita ao pedido e desfaz o bloco de gelo no qual Kamui estava preso.


- Eu achei que ia começar a gaguejar de frio, isso seria totalmente fora do meu personagem. Obrigado, Nana... - Antes de terminar de falar, ele é atacado por Yuuki subitamente, ficando com um corte no rosto. - Ei! Podia ter me matado, tá de brincadeira comigo? - Ele pergunta para a garota, mas não recebe resposta.


- Yuuki, o que tá fazendo?


 - Vou conseguir uma resposta assim, é mais eficiente. - Ela cria lanças de gelo, tentando acertar Kamui, que esquiva, sentindo muita dor no corpo.


 - Fala sério, quer me matar? 


- Se for necessário, sim. Mostre sua verdadeira face, não adianta esconder sua "Impressão" de mim. - Ela pisa um pouco no chão e o congela, fazendo Kamui escorregar, cair de barriga e sentir uma dor aguda no abdômen.


 - Yuuki, para! - Nanaki tenta segurar a irmã, mas é em vão, até começar a notar algo diferente em Kamui. O garoto lentamente levanta-se e sua franja permanece aberta, seu olho azul ganha um brilho forte e uma pressão enorme ecoa pela sala. - Kamui?


 - Tá legal, agora eu tô nervoso, não queria acabar contigo por causa da Nanaki, mas agora você pediu por isso. - Ele avança em direção a Yuuki para socá-la, mas ela graciosamente desvia, como se estivesse patinando.


 - Aqui está a resposta, minha irmã. O olho esquerdo dele está brilhando e dá para sentir uma pressão enorme vindo dele. Isso é a prova que faltava, ele é um "Guardião". - Ela explica calmamente enquanto desvia dos golpes de Kamui. - Chega de brincadeira. - Ela congela o garoto novamente e vira-se para a irmã, que estava com um rosto de pânico.


 - Ele... é mesmo um "Guardião"? Ele é um daqueles que tiraram tudo de mim?! - Os olhos dela não podiam acreditar, enquanto memórias dolorosas voltavam para a mente da garota.


 Tudo aconteceu há 16 anos atrás, quando Nanaki era ainda uma criança, ainda não possuía suas orelhas de raposa, nem sua cauda. Ela vivia com sua mãe e seus 7 irmãos, ela não conheceu seu pai biológico, mas vivia de forma feliz.


 Em uma casa de madeira, em meio à floresta, a família de Nanaki, raposas, viviam. Raposas são consideradas uma espécie rara por se esconderem sempre e andarem em grupo. Porém, em seus primeiros anos de vida, elas tendem a se parecer com crianças humanas. Não foram identificados homens desse grupo, no entanto.


 - Mamãe, pode ajudar ele? - Ela chega correndo até sua família levando um coelho ferido para sua mãe, Honoka, tratar. 


 A mulher possuía longos cabelos laranjas, olhos verdes e utilizava uma roupa de panos laranja. A mulher cozinhava a janta quando ouviu ao pedido da filha.


 - Claro, olhe aqui, vou usar a magia para curar ele, Melius: Curatio. -Ela estica suas mãos e um brilho começa a ser emitido no coelho, cujos ferimentos estavam melhorando rapidamente.


 Após alguns segundos, o animal estava melhor e Nanaki o soltou na floresta, onde pôde ser visto ele se reunindo com sua família. Um sorriso brotou nos lábios da garota, enquanto seus irmãos riem da atitude dela.


 - Sério Nanaki é por isso que sua forma de raposa não chegou ainda, você nem age como uma predadora. - Uma garota de 10 anos falou rindo, ela era parecido com a garota, porém já possuía cauda e orelhas de raposa. A mais velha estava cercado por outras raposas que riam descontroladamente. O comentário deixou Nanaki irritada.


 - Vocês vãum vê! Vou sê uma raposa incrível, todus vão amá minhas chamas, quando eu aprendê magia. - Ela falava tropeçando nas palavras, tentando imitar o jeito de seu irmão mais velho falar.


 - Crianças, parem de irritar a Nanaki, ela tem o próprio ritmo. Quando eu tinha a idade dela, também não conseguia entrar na forma de raposa, ela vem a você naturalmente. - A mulher repreendia aos menores e encorajava Nanaki. - Não tenha pressa, filha. Sei que alguma hora, será tão fácil quanto respirar, basta continuar sendo verdadeira consigo mesma.


 Alguns minutos depois, a janta foi servida e todas as meninas começaram a comer, algumas de forma mais abrupta, outras mais timidamente.


 - A propósito, mamãe, como era o papai? A senhora disse que a gente tinha um. - A mais velha pergunta com pedaços de carne na boca, fazendo a mãe rir.


 - Bom, ele era alguém muito bom, possuía um grande coração e sempre colocou a segurança de vocês em primeiro lugar.


 - Então onde ele tá? A última vez que vi ele foi quando a Nanaki nasceu... - Ao questionar isso, a expressão da mulher mudou para uma triste e o silêncio reinou.


 - Gente, isso não parece o rosto de um coelhinho? Eu não quero comê isso, fico pensando no que a mamãe ajudô. - Nanaki pronunciou seus pensamentos e todos começaram a rir, a garota havia aliviado o clima facilmente apenas por usar seus pensamentos infantis.


 O resto do jantar aconteceu sem outros imprevistos e todos foram dormir em um mesmo quarto. Enquanto Honoka dormia, a caçula chegou em sua cama e a abraçou, assustando a mulher inicialmente.


 - O que foi, filha? Por que está aqui a essa hora?


- Me senti triste, eu achei que devia abraçá a senhora. Tô com medo de acordá amanhã e não vê mais vocês. - Os olhos dela marejavam e Honoka coloca um de suas duas caudas sobre ela sobre a filha, usando de cobertor para Nanaki abraçar, a garota então cai no sono.


 Algumas horas se passam, batidas na porta podem ser ouvidas na porta. Honoka sai da cama para atender, mas não volta. Logo após isso, sons de gritos ecoam pela casa.


 - Executem as raposas, o cheiro de seguidores dos Guardiões estão nelas! Não deixem nenhuma escapar! -Essas são as ordens emitidas e passos começam a ecoar pela casa. - Malditos Guardiões, agora querem passar seus genes para uma raça "Mythi" rara como as raposas. - Esse grito acorda às crianças que correm para ver o que aconteceu, exceto Nanaki que não saiu da cama apesar de estar acordada.


 Logo após isso, gritos de dor são ouvidos, e Nanaki escondeu-se sob a cama, tremendo de medo. Os gritos continuavam até, de repente, cessarem.


 - Acho que essa foi a última, mas ateiem fogo na casa. Não permitam ninguém restar. - Eles começam a incendiar o lugar usando magia e logo vão, embora. Quando Nanaki sai debaixo da cama e olha pela janela, uma visão aterrorizante a deixa em desespero. Todas as suas irmãs mortas e sendo levadas por indivíduos que carregavam bandeiras acinzentadas. 


 Os olhos de Nanaki perdem o brilho, a pequena garota passou a desistir de tudo e não conseguia mais viver sendo a única restante. O teto cai sobre ela, parecendo que iria a matar, sua visão escurece.


 - Mako, encontrei alguém aqui! - Uma voz masculina profunda ressoa em meio ao escuro, e começa a retirar o telhado da casa.


 - Calma, Yugo. Se retirar sem cautela, pode machucar. - Uma voz feminina meiga avisa a voz masculina, que continua a procurar, até que uma luz surge, revelando um homem de cabelos castanhos, olhos castanhos e uma barba. Ele observava surpreso com o acontecimento.


 - Uma raposa... o fogo está protegendo ela. - Essa afirmação faz a mulher aproximar-se e ver mais de perto. Nanaki estava em forma de raposa pela primeira vez e o fogo que estava na casa, agora havia a envolvido, como se estivesse a protegendo.


 - Não acredito, esse fogo foi feito por magia, ninguém deveria conseguir controlar, exceto quem lançou. - A mulher possuía longos cabelos azul escuro, olhos rosados e pele clara. 


 Nanaki abre lentamente os olhos e seu olhar encontra-se com os de Mako e Yuugo, cujos olhos começaram a ficar emocionados. Mako lentamente aproxima suas mãos do fogo, assustando a pequena raposa.


 - Está tudo bem. Ninguém mais vai machucar você, eu te prometo. - Um sorriso reconfortante é liberado pela mulher, o que resulta na barreira de fogo abaixar sem Nanaki perceber. Logo ela toca as patas dela e nota que estão feridas. - Não se preocupe, vamos cuidar de você.


 Dito e feito, as patas da garota passam a brilhar e, subitamente, são curadas sem qualquer necessidade de pronunciar palavras, o que surpreende à garota que volta à sua forma humana, porém agora possuía cauda e orelhas. A dupla notou que não passava de uma criança, mas já havia enfrentado uma grande dificuldade.


 - Pobrezinha, não acredito que eles fariam uma coisa dessas a uma criança, onde estão seus pais? - Nanaki é questionada, mas não emite resposta. Ela mesma não sabia onde Honoka estava, porém sabia que suas irmãs estavam mortas. Ao observar as expressões da garota, Yuugo entendeu o que aconteceu.


 - Se quiser, pode vir com a gente. Podemos pelo menos te dar abrigo, eu sei que foi uma experiência terrível a que você passou. - Ele toca no ombro de Mako e sorri gentilmente para a garota, quem ainda não entendia o que acontecia com esse casal.


 No entanto, algo dizia a Nanaki para seguí-los, havia algo reconfortante na presença deles, o que fez a garota concordar após pensar um pouco, o que fez um sorriso alegre surgir nos lábios de Mako.


 - Vamos até a nossa casa, vamos te apresentar a Yuuki, tenho certeza que vocês se darão bem. - Ela oferece a mão para a pequena raposa, que antes de perceber, havia aceitado ir com eles.


 Yuugo andou na frente enquanto Mako conversava com a garota, buscando fazê-la se abrir, apesar de terem-na conhecido há poucos instantes, eles imaginavam que a pequena havia enfrentado dificuldades.


 Após alguns instantes de caminhada, o casal chega a uma área nevada, Yuugo, bate no chão com um dos pês, e um caminho se abre em meio a neve. Nanaki estranha que, apesar de estarem em um lugar frio, ela não sentia nada.


 - Estamos quase lá, aposto que a cuidadora da Yuuki deve estar quase no fim do expediente. Melhor nos apressamos. - O homem afirma e, subitamente, trio começa a avançar rapidamente, assustando Nanaki.


 - Não se preocupe, pequena. Isso é um atalho para a nossa casa, vamos deslize uma perna de cada vez, estou te segurando, não precisa ter medo. - Mais uma vez, o cuidado que tinham com a garota, apesar de estranho, trazia um calor em seu peito, ela não sabia o motivo.


 Após alguns segundos de patinação, eles aparecem em frente a uma espécie de mansão oriental, com muros de pedra e um grande portão de madeira. Yuugo bate na porta 5 vezes, com intervalos regulares, e ela se abre, revelando um belo jardim verdejante. "Como era possível nessa neve? Quem são essas pessoas?" eram as dúvidas na mente de Nanaki.


 - Mestres, bem vindos de volta ao lar. A senhorita Yuuki está dormindo confortavelmente em seu quarto. - Uma senhora grisalha aparece com um sorriso em seu rosto, até ver Nanaki de mãos dadas com Mako. - Oh? Quem seria esse novo rosto?


 - Ela é uma criança cuja casa foi destruída e se perdeu da mãe, decidimos cuidar dessa garota até encontrarmos ela. - Yuugo explica calmamente, vira-se para Nanaki e abaixa-se para ficar a altura dela. - Você passou por muita coisa, pode falar conosco quando se sentir a vontade, mas pode nos dizer seu nome?


 A presença do casal ainda era estranha para a pequena raposa, mas algo dizia a ela que poderia confiar neles.


 - Nana...ki- Ela diz timidamente e escondendo o rosto.


 - Nanaki, certo? É um nome muito lindo, eu sou Yuugo, o mestre dessa casa, essa é a minha esposa, Mako. Somos "Mythis" das neves.


 Uma das empregadas chega com um bambino em seu colo, e surpreende-se ao ver o casal.

 - Mestres, bem vindos de volta. A senhorita Yuuki acordou e decidimos levá-la para dar uma volta pela casa.


 - Ah, sim. Obrigada pelo seu serviço. Podem me entregar a Yuuki? - Mako sorri levemente e as empregadas levam o pequeno bambino aos braços da mulher. - Nanaki, olhe aqui.


 Mako abaixa-se e mostra um bebê de cerca de um ano para a garota, era possível já ver alguns fios de cabelos castanhos nascendo e seus olhos rosados encarando Nanaki.

 - Essa é a Yuuki, nossa filha. Espero que vocês se dêem bem. - A raposa aproxima o dedo perto do corpo da bebê, que segura com as duas mãos, surpreendendo aos pais.


 - Ela normalmente não faz contato assim com estranhos, isso deve ser o destino. 


 - Você tem razão, Yuugo... acho que encontramos outra filha. - O casal sussurra entre si, um sorriso e lágrimas caem do rosto de Nanaki enquanto uma risada é arrancada da pequena Yuuki.

 Após uma tragédia, uma nova vida começou a surgir diante da Raposa, porém ela não esperava isso acontecer ainda, a roda do destino estava girando em um novo sentido, mas ninguém sabia disso ainda.




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