Capítulo 1: Lugar Comum
Tudo que era visível eram os corpos de pessoas queridas caídos ao chão, e duas pessoas se encarando, uma delas estava com um rosto de desespero.
- Entende agora? Sua existência é a pura destruição, quem irá fazer esse mundo atingir a próxima etapa. Essas mortes serão o primeiro passo, você está prestes a seguir um caminho de solidão. - Um sorriso aparece no rosto de uma das figuras, enquanto a outra ainda encara profundamente um dos corpos caídos enquanto seu olhar lentamente torna-se vazio.
- Por favor, não... não me deixem aqui. A culpa é minha! - As lágrimas começaram a cair em meio a uma feição triste- Não é dela! - A expressão muda para raiva. - Mas eu... Não! Se ela não estivesse aqui nada disso teria acontecido! - Duas percepções estão conflitando, a fúria e a culpa, a mente está a beira de um colapso. - Por favor, pessoal, não me deixem aqui... - As lágrimas se intensificam, e o misto de emoções cessa, mudando para uma expressão vazia. - Sem vocês, viver não tem sentido ... se a solidão é meu destino... melhor deixar tudo desaparecer. - A paisagem ao redor aos poucos se deteriora e um sorriso cínico surge no rosto da outra pessoa. - Você vai ser a primeira a morrer...! - O nome da pessoa a quem a voz repleta de ódio está direcionada apenas ficou inaudível.
Tudo ao redor estava a morrer, e animais fugiam do local, a destruição estava a caminho. Um confronto sem precedentes estava prestes a ter seu início, suas consequências seriam irreversíveis. Mas as raízes dessa batalha remontam de meses atrás, em outro mundo chamado "Terra", os envolvidos iriam experienciar situações que mudariam suas vidas para sempre.
O som de um despertador ressoa e um jovem de longos cabelos brancos e olhos vermelhos abre os olhos lentamente, ele colocou a mão no rosto e esfregou um pouco os olhos, buscando despertar.
- Mais um dia tranquilo. O céu está limpo, mas parece frio hoje. - Ele se levanta da cama e começa a se alongar para iniciar o dia.
Após terminar os alongamentos dinâmicos, ele se direciona para o banheiro e se olha no espelho, seu rosto pouco expressivo e aparência bela sempre atraía olhares por onde passasse, o nome desse homem é Sanzashi Akame.
- Já faz 7 anos desde que saímos dali, não é? Graças à gentileza da síndica, pudemos ficar aqui graças ao meu trabalho de "host". - Ele começa a tirar as roupas para entrar sob o chuveiro, cada gota da água lavava o corpo bem definido do homem de cabelos brancos, muitos associariam essa visão a uma pintura.
Ao completar seu banho, Sanzashi veste um terno cinzento com uma gravata vermelha, sai de seu quarto e se direciona para a cozinha do minúsculo apartamento onde ele mora para cozinhar o café da manhã, o qual consistia de arroz branco, sopa de missô e peixe grelhado. Duas porções foram feitas, as quais fizeram ele suspirar.
- Mesmo com esse cheiro, você não acordou?- Ao direcionar-se para outra porta, ele a encara por alguns segundos e logo começa a bater nela.
- Kamui, acorda. Você tem seu trabalho de meio período daqui a pouco. - Não recebe nenhuma resposta de dentro do quarto, além de um murmúrio dizendo "Só mais 5 minutos".
- A Nanaki vai vir te encontrar logo, levanta.- Ainda nenhuma resposta, o que o faz respirar e usar o seu último recurso. - Vai perder o café da manhã...
Ao mencionar essa frase, a porta é aberta de forma repentina e dela sai um rapaz de cabelos brancos bagunçados e com uma longa franja cobrindo o olho esquerdo, seu olho visível de cor vermelha indica uma expressão de indignação.
- Puxa, mano. Não vai fazer essa sacanagem comigo não, né? Eu só tava cansado de ontem, não precisa desse exagero!
- Eu estava blefando. Tentei te acordar de muitas formas, ameaçar te deixar sem café da manhã foi o que sobrou. - Afirmou enquanto cruzava os braços, em completa descrença da atitude de seu irmão mais novo.
Kamui Akame, 20 anos, mora junto de seu irmão mais velho, porém é apenas um graduado de ensino médio por escolas públicas. Não demonstra interesses em cursar faculdade, então ganha a vida em trabalhos de meio período.
Sanzashi e Kamui moram no segundo andar de uma pensão de caráter humilde, não podendo esbanjar muito, porém conseguem viver de forma minimamente confortável graças aos esforços do mais velho.
-Tá de sacanagem comigo, né mano? Com essas coisas não se brinca! - Kamui respira fundo, recompondo-se do choque.
- Tudo bem, tudo bem. Se arrume, logo a Nanaki vai chegar para vocês irem juntos, vou limpar a cozinha agora - A afirmação de Sanzashi faz Kamui bufar e ele logo entra de volta no quarto para pegar uma muda de roupa.
O mais velho volta para a cozinha e começa a limpeza dos utensílios e do piso até ouvir uma batida na porta da frente.
- Sim?
- Sanzashi! Bom dia! Vim buscar o Kamui! - Uma voz feminina animada fala do outro lado da porta.
- Espera um pouco, já vou destrancar a porta. - Dito e feito, ele destrava e abre a porta da frente, revelando uma garota de pele levemente bronzeada, cabelos laranja e olhos amarelos. A garota utilizava uma camiseta azul, um colar com um pingente dourado e uma bermuda bege. - Bom dia, Nanaki. Kamui já vai vir, ele está saindo do banho, sabe como ele é.
- Sim, ele sempre dorme demais, nem iria trabalhar se eu não viesse buscar ele. - A garota fala entre risos, lembrando-se da personalidade dele.
- Bom, gostaria de entrar e tomar o café da manhã?
- Não quero incomodar, eu tô bem, sem fome alguma. - Ao falar isso, o estômago dela ronca, deixando-a envergonhada.
- Não é incômodo, pense nisso como um agradecimento por sempre cuidar do meu irmão. Vamos, sinta-se em casa. - Sanzashi gesticula para ela entrar e Nanaki concorda com a cabeça, ainda vermelha de vergonha.
- Aproveite a comida, não é muito, mas espero que goste. - O rapaz de cabelos longos volta a se concentrar em fazer sua porção, a qual consistia dos mesmos itens, porém a sopa de missô possuía gengibre e alho poró, uma vez que Sanzashi gosta de adicionar esses itens em suas refeições.
Barulhos de batidas foram ouvidos pelo apartamento e logo pôde-se notar gritos seguidos de xingamentos até um estrondo acontecer.
- Sanzashi, quantas vezes ele já caiu esse mês?
- Isso acontece todos os dias, já se tornou normal. - O comentário de Sanzashi somado a uma expressão calma deixa Nanaki totalmente confusa, mas ela logo aceita ao lembrar da personalidade de Kamui.
Após esse estrondo, finalmente o silêncio se faz presente e o som da porta abrindo revelando o garoto de cabelos bagunçados vestindo uma jaqueta preta fechada com detalhes em roxo na região dos ombros e nas bordas dos bolsos e calças de moletom pretas. Ao ver Kamui desse jeito, Nanaki apenas arqueia os ombros rapidamente e faz uma feição de aceitação.
- Às vezes eu acho que você só tem essa muda de roupas, Kamui. Nunca te vi usando nenhum outro tipo. - Ela suspira enquanto come o arroz.
- Sabe, Nana. Tá frio hoje, mas não te vejo usar nenhum casaco, quem parece estranha aqui é você. - Ele fala, ligeiramente incomodado, mas passa a ignorar a aparência da amiga ao ver a comida na mesa. - Obrigado pela comida! - Ele junta as mãos e começa a comer cada parte da porção rapidamente, a ponto de engasgar.
- Pega aqui, rápido! - A garota de cabelos alaranjados entrega um copo de água para o garoto, quem bebe desesperadamente o líquido e depois libera um suspiro de alívio. - Tá vendo no que dá ser tão esganado pra comer?
- Não é culpa minha, eu tava com fome. - Ele faz uma expressão indiferente e volta a comer. - Mano, eu quero mais arroz! - ele chama o irmão e estende a tigela na direção dele.
- Tudo bem. - Ele pega o objeto e abre a máquina de arroz, notando que está quase vazio. - Vou ter de cozinhar mais, mas não vai ter tempo para vocês esperarem, logo mais vai começar o expediente de vocês. - A calmaria de Sanzashi ao explicar termina por neutralizar a urgência, até que Nanaki olha o relógio e sua expressão empalidece.
- Kamui! Já vai dar a hora! Vamos logo, corre! - Ela pega o garoto pelo braço, que ainda estava com um salmão grelhado na boca, e sai em disparada arrastando Kamui.
- Boa viagem. - Sanzashi diz, agora em uma cozinha silenciosa diferente de outrora. - Bom, hora de ir às compras, tenho que checar o que está em falta.
Fora da pensão, Nanaki e Kamui corriam com a garota ainda puxando o amigo pelo braço.
- Eu já te falei que posso ir sozinho, Nana! Me solta, caramba. - Enquanto corriam pela fria cidade, olhares puderam ser notados, porém não se sabia se era pelo contato físico entre os dois ou se era pelo fato de Nanaki andar pelo ambiente em roupas de calor.
- Você só ia fugir. Se você falta, fica ruim pra mim. - Ela afirma puxando ainda mais a mão de Kamui.
Alguns minutos correndo e eles enfim chegam no local de trabalho: uma loja parte de uma famosa franquia de fast-foods.
- Bom dia, Kamui e Nanaki, chegaram na hora do expediente e... Nanaki, por que está com essas roupas nesse frio? - O gerente do estabelecimento encara a dupla que recém havia passado pela porta, o homem possuía um rosto parecido com um delinquente, mas era bem sério quanto ao trabalho.
- Bem, nenhum motivo especial, só achei que aqui teria roupas de frio melhores. Não precisa se preocupar com isso, senhor - Ela começa a tentar se explicar, enquanto ri nervosamente.
- Entendo. Vão se trocar logo, em breve o horário de serviço vai começar, temos que fazer a limpeza antes disso. - Após o gerente afirmar, Nanaki concorda com a cabeça e arrasta Kamui até a área dos vestiários, o qual é um corredor com duas portas em lados opostos para o feminino, à esquerda, e masculino à direita.
Passam-se alguns minutos e Nanaki volta com um traje manga longa azul escuro e detalhes em laranja, com um boné aberto, o cabelo dela estava preso em um pequeno coque, a saia era laranja e vai até aos joelhos, meias longas pretas e um par de sapatilhas azuis.
- Aí está nossa garota propaganda, pronta para mais um dia de trabalho?
- Sim, senhor! Mas espera, cadê o Kamui?
Ao mencionar o nome dele, o gerente aponta para dentro do vestiário, cuja porta ainda está fechada. Nanaki suspira e bate nela.
- Kamui, eu sei que você tá pronto, saia daí logo! Temos que trabalhar logo. - Ela chama o nome do garoto, mas não recebe resposta. - Sério que tá fazendo esse drama todo só por causa do seu olho esquerdo? Achei que já tinha superado essa.
- Nem todo mundo tem olhos bonitos como os seus, me deixa em paz. - A voz tinha um tom depressivo.
- Ok, plano "B". - Nanaki respira fundo e volta para o vestiário feminino e retira um pedaço de papel de dentro da carteira dela. - Tenho um cupom de vale refeição do Sanzashi aqui, sabe o que significa né? - Ela começa a balançar ao ar, não recebendo resposta. - Quem usa isso pode pedir a comida que quiser pro Sanzashi. Se você vier e trabalhar, te dou o meu. - Ela sorri de forma provocativa ao ouvir o som da porta abrindo, uma mão tenta pegar o cupom das mãos da garota, sem sucesso. - Nem vem, se quiser, vai ter que merecer.
- Tá, tá, você venceu. - Kamui sai de dentro do vestiário com três presilha simples segurando a franja e revelando o olho esquerdo de cor azul claro.
- Bom garoto, vamos lá. - Ela pisca e volta para a área de trabalho enquanto Kamui a segue calado.
- Ainda bem que temos você aqui, Nanaki. Eu não teria paciência para lidar com esse pirralho. Como você consegue?
- Eu só sei o que motiva o Kamui, a gente se conhece há muito tempo. - Ela começa a rir e então pega um pano e se direciona para as mesas a fim de limpá-las.
Kamui também se posiciona para limpar as mesas, mas acaba caindo por ser horrível nisso. As falhas sucessivas enfurecem Kamui, quem joga o pano ao chão.
- Que se dane isso tudo! Por que eu tô fazendo esse trabalho?
- Porque você não pode ficar dependendo do Sanzashi o tempo todo. Ele se sacrifica muito e não recebe nada em troca, nunca pensou em crescer um pouco? - Nanaki encara Kamui enquanto limpa as mesas, curiosa pelo comportamento do garoto.
- Crescer? Eu já tenho 20 anos, sou um adulto, beleza? O Sanzashi recebe algo em troca pelo trabalho, o salário.
- Não é do trabalho que tô falando, mas de você. Nunca pensou em fazer qualquer coisa por ele?
- Quê? Eu faço muita coisa por ele, todos os dias, tipo arrumar meu quarto. - Kamui afirma com um sorriso de orgulho, porém ele para ao notar um olhar de pena da amiga. - O que foi?
- É tão triste, você acha que arrumar o quarto tem a ver com gratidão. Isso é uma atitude mínima de responsabilidade, sabia? - Ao mencionar isso, o garoto faz uma feição de nojo.
- Responsabilidade? Que bobagem, não preciso dessas coisas quando o Sanzashi faz as coisas por mim.
- Então não é um adulto de verdade, continua uma criança, sinto te dizer isso. - Nanaki afirma rindo do amigo, quem a fita estressado.
- Ei, voltem ao trabalho! Faltam 5 minutos para o horário de abertura. Vão logo.
- Entendido. - a ruiva obedece de forma energética, com um sorriso no rosto.
- Tá, tá. - Kamui se levanta do chão enquanto responde desanimado.
Após a dupla terminar o serviço, os clientes começam a chegar e eles vão para trás do balcão, uma vez que atuam como atendentes. O trabalho seguia normalmente, Nanaki atendia a maioria com um grande sorriso no rosto, encantando aos clientes, enquanto Kamui parecia sempre incomodado, o que deixava quem pedia os produtos para ele totalmente desconfortáveis.
- Akame! Sorria mais, é uma cortesia do estabelecimento. - O gerente chama a atenção do garoto, que tenta abrir um sorriso, mas termina intimidador ao invés de simpático.
Essa era a rotina da dupla, porém nesse dia, um freguês difícil apareceu.
- Ah, qual é, Nanazinha. Vamos sair, eu garanto que você vai se divertir. - Um homem de óculos e aparência robusta conversa com a ruiva, quem tenta fugir do assunto.
- Perdão, não consegui identificar o seu pedido, poderia repetir? - Ela dizia com um sorriso no rosto, porém qualquer pessoa que visse poderia notar o quão desconfortável ela está.
- Ah, sim. Eu gostaria de um lanche número 5, batatas, refrigerante e um encontro com você.
- Ah, beleza. Um combo do número 5, é só esperar seu número ser chamado. Próximo! - Kamui aparece interrompendo a conversa e pedindo para o homem sair da fila.
- Ei, fica na sua, pirralho. Eu tô falando com a Nanaki.
- Ao invés de ficar vindo aqui pra paquerar, vai gastar dinheiro em algo mais garantido se é isso o que quer. - Um sorriso de deboche surge no rosto do garoto de cabelos brancos, que é pego pela gola da camisa.
- Você é bem mal educado para um mero atendente, eu sou o cliente, se lembre disso. E outra coisa, melhor começar a malhar pra não quebrar esses braços finos. - A expressão de Kamui começa a mudar com a fala do homem. - Você já parece uma garota, deve ser um fraco também.
Tudo o que pôde ser sentido foi um som de mesas sendo derrubadas e o homem caído ao chão. As pessoas ali presentes começaram a gritar ou apenas encararem com os olhos arregalados.
No balcão, Kamui estava com um dos pés sobre ele e com uma feição furiosa. Nanaki tenta segurar o garoto enquanto faz um rosto de cansaço.
- Fala essa palavra pra ver no que dá, babaca. Eu vou te quebrar na porrada! - Ele se solta da ruiva e pula sobre o homem e começa a socar o rosto dele repetidas vezes. - Tá gostando? É puro papo furado, quem precisa de músculos de enfeite? E com essa barriga enorme? Confunde peso com força, é?
Enquanto esse horror ocorre, sons de sirene podem ser ouvidos e a polícia chega, apreendendo Kamui. Alguns minutos depois, a ambulância aparece para socorrer o homem, que estava com a face inchada e o nariz quebrado.
- Me soltem, porra! Ele tava pedindo por essa! - O garoto debate-se enquanto era segurado pelos policiais.
- Não tem jeito. Gerente, posso usar o tele...- Ela olha para o homem, que está em choque pela cena de violência cometida por Kamui. - Tá, acho que vou ter que usar assim mesmo. - ao pegar o aparelho, ela começa a digitar um número e uma voz masculina atende.
- Alô? Sakurai Host Club, como posso ajudar?
- Ah, bem... será que posso falar com o Sanzashi? É uma emergência. - A garota fala um pouco nervosa por estar ligando para um host club pela primeira vez.
- Gostaria de reservar o Sanzashi? Claro, qual horário gostaria de utilizar? Ele está disponível até às 10 da noite.
- Não, é que o irmão dele está com problemas e... - Antes dela terminar a frase, outra voz masculina surge, pegando o telefone da pessoa que estava o usando antes.
- O que aconteceu com o Kamui, Nanaki? - Uma voz calma e grossa ecoa do outro lado do dispositivo ressoa até aos ouvidos da garota.
- Sanzashi! Que bom que você atendeu, estamos tendo problemas, acontece que o Kamui teve um acesso de raiva... de novo. - Ela diz com um rosto de desconforto, por já estar acostumada com esse tipo de situação.
- Estou a caminho, não deixe ele dizer nenhuma besteira.- Sanzashi interrompe a ligação e Nanaki tenta seguir com o que ele pediu, não deixando o garoto piorar sua própria situação.
Kamui é levado para um interrogatório, algumas horas depois, ele é liberado, porém deve permanecer em casa até o julgamento. Quando sai da delegacia, Sanzashi e Nanaki estão a espera, com braços cruzados e sobrancelhas arqueadas.
- Nem venham com sermão. Não quero saber dessa. - Kamui diz, totalmente mal humorado, porém apenas ouve um suspiro da dupla.
- Muito bem, vão para casa, tenho que voltar para o trabalho logo. Nanaki, pode acompanhar ele para garantir que não vão haver desvios?
- Claro, vou com ele. Acho que trabalhar hoje tá fora de questão mesmo, o sol já vai se por. - A garota fala tranquilamente, o comportamento dos dois pareceu anormal para Kamui, uma vez que ele esperava uma atitude de repreensão.
Um carro aparece para pegar Sanzashi, que entra e vai embora do local, enquanto Nanaki sai andando junto com Kamui, ambos em silêncio por parte do caminho.
- Vocês estão estranhos. Normalmente estariam mais estranhos, tipo, bufando de raiva. - Ele quebra o momento de desconforto com uma observação que o incomodou desde que saiu da delegacia.
- Quer mesmo saber o motivo? - ela responde calmamente, até que passam em frente a dois balanços e ela aponta para eles se sentarem neles.
- Na real, que mico, a gente não é criança, Nana.
- É, tem razão. Não somos crianças, temos que tomar nossas próprias atitudes e sofrer as consequências. Acho que amadurecer tem a ver com isso. - Ela olha para o céu já alaranjado e seu semblante muda para um triste. - É, não somos mais crianças, as coisas mudaram e não podem voltar ao que eram.
- Nana, pra quê você tá me falando isso? Eu sei muito bem dessas coisas, já disse que sou adulto. - Kamui questiona com pouco interesse no assunto.
- Bom, se você sabe, não há motivos para discutir isso. Você age desse jeito ciente do que faz, então.
Enquanto a dupla discute sobre o assunto, em outro canto da cidade, o céu começa a nublar em uma pequena área, criando um círculo de nuvens, de onde um raio cai sobre um prédio. Um espaço estranho de cor branca surge e o céu volta ao normal.
De dentro desse misterioso espaço, uma figura encapuzada sai. Suas roupas eram claras a ponto de parecerem neve e prendendo o manto, havia uma pedra vermelha brilhante.
- Entendo. Então foi assim que os hereges conseguiram fugir, mas dessa vez não haverá escapatória, enfrentem seu julgamento. - Enquanto ele diz isso, uma pessoa aparece no telhado do prédio e o avista.
- Quem é você? Entre logo, estão caindo raios e você pode se ferir. - Quando palavras são direcionadas a figura, ela apenas encara e diz algumas palavras, causando o desaparecimento de quem tentou a ajudar.
- Não dirija a palavra a mim, ser patético, apenas sua voz pode me manchar. - Ele pula do prédio e novamente começa a dizer palavras em um tom inaudível, e então abre um sorriso misterioso. - Encontrei você, raposa. Hora de compensar pelos seus pecados.
Durante sua queda, ele desaparece e tudo que pôde ser visto eram pegadas nos vidros dos prédios.
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